Pequena coreografia do adeus, de Aline Bei
Comecei minhas leituras de 2022 já favoritando. O escolhido foi “Pequena coreografia do adeus”, da escritora paulista Aline Bei. Esse foi meu primeiro contato com a escrita da autora que nos prova, através do seu lirismo, que a dor também pode ser bela.
A obra percorre a jornada de autoconhecimento de Júlia Terra, uma menina marcada pelo relacionamento disfuncional com seus pais. A mãe, Vera, é uma mulher ressentida, infeliz e violenta.
“as surras que eu levava
eram as surras que a minha mãe levou
em looping
na minha pele, na pele dos filhos que ainda não tenho”.
Já o pai é ausente e fica ainda mais distante após o divórcio.
“eu só queria ter um pai que não fosse eternamente o
homem que deixou a minha mãe”.
A linguagem poética e simbólica de Aline não omite as verdades difíceis dessa relação.
“deu vontade
de dizer que: uma conversa em família
nunca foi possível, não na minha casa
lá somos três solitários
irreversíveis
gravemente feridos
da guerra que travamos contra nós”.
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