Oração para desaparecer, de Socorro Acioli
Vamos de resenha de Oração para desaparecer, de Socorro Acioli? Esse segundo romance da autora, lançado em 2023, continua a explorar o realismo mágico, enraizado na brasilidade. Dividido em três partes, o livro te pega de jeito logo na abertura. Mas, além de intrigante, é confuso: Cida conversa com um interlocutor desconhecido. Depois descobrimos que é Félix Ventura, um “criador de passados”. Ela conta que é uma ressurrecta, surgida do nada em Almofala (Portugal), sem memória, mas com o desejo de construir uma vida com Jorge.
Na segunda parte, a história muda. Miguel narra para Jorge sobre Almofala, no interior do Ceará, onde Joana, seu grande amor, desapareceu há 49 anos. A partir daí, as vidas de Cida e Joana se cruzam, criando uma narrativa poderosa e, de certo modo, apaixonante. Cida deixa de ser uma sombra para se tornar uma personagem completa. Ou seriam duas?A terceira parte é a cereja do bolo: Joana finalmente toma o controle da própria história, enfrentando o passado e abraçando o futuro. Essa divisão em três atos é interessante, mas sinto que a história poderia ser contada de forma mais envolvente ao misturar as linhas temporais. Ainda assim, a escolha é inteligente e dá estrutura à trama.
Não dá para negar a pesquisa minuciosa de Acioli. O livro mergulha na cultura dos Tremembé e nas referências históricas de Portugal, enriquecendo a narrativa. Fala de amor, liberdade e identidade, nos levando a reflexões profundas.
No fim, Oração para desaparecer mantém o que parece ser a marca de Acioli: realismo mágico que flerta com o familiar. Não é uma leitura que vai te consumir, mas é uma obra coringa para se reconectar com o que é nosso, mesmo quando a magia invade a realidade.
E aí, já leu?
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